A Escola Politécnica na Revolução de 1932

 

Parte IV – Desobediência Cívica

 

A atuação em 1932 marcou a vida politécnica naquele ano. Em seu relatório anual, o Grêmio reportou que um grupo de alunos chegou a desobedecer a ordem dos professores e se alistou como soldados rasos ao invés de se engajar no fabrico de munições.

 

Diz o relatório do Grêmio de 1933 sobre os meses de 1932: “O acontecimento culminante da nossa gestão foi a Campanha Constitucionalista. Nela ouso afirmar com convicção que o Grêmio Politécnico secundando a ação brilhante da nossa Escola, foi o centro de maior saliência em toda a campanha. A sua eficiência técnica, ao lado de um patriotismo sem limites, conseguiu elevar o conceito em que era tida a Escola Politécnica a um nível não alcançado por qualquer outra corporação que tomou parte da luta. As diversas seções de bombardas, granadas, munições para fuzil, máscaras contra gases asfixiantes, blindados, trabalhos cartográficos, bombas para avião, aparelhos de precisão, capacetes de aço etc, dirigidas pelos lentes, auxiliados pelos alunos, permitiram levar a luta até um ponto não previsto pelo inimigo.

 

Por iniciativa da diretoria do Grêmio foi organizado o batalhão Piratininga de Caçadores da F.P., do qual o primeiro pelotão era formado por politécnicos; consignemos como um exemplo para a posteridade o fato dos seus componentes se rebelarem e desobedecerem uma comissão de professores da Escola, que de posse de uma requisição do Q.G., tencionava impedir a sua partida para o front como soldados rasos, alegando que seus serviços seriam mais úteis e proveitosos trabalhando em São Paulo no fabrico de munições. Outros colegas se inscreveram em vários batalhões como simples combatentes e dentre estes um só não voltou. “Foi Clineu Braga de Magalhães, soldado do heróico Batalhão 14 de Julho, que com o seu sangue paulista, moço e independente, pagou o crime de querer dar uma Carta ao Brasil e desejar a autonomia de seu Estado, que há dois anos vive ocupado e pisado pela camarilha que o seu próprio tesouro sustenta”, conforme relato de Flávio Baptista da Costa na Revista Politécnica no início de 1933.

 

Monumento aos Mortos de 32.

 

Em 18 de setembro de 1935, aniversário da morte de Clineu Braga de Magalhães, foi inaugurado o monumento em memória dos mortos na Revolução Constitucionalista. O monumento tinha as cores da bandeira de São Paulo.

 

Na inauguração discursou Alfredo Giglio: “A mocidade acadêmica tomou parte em todas as fases da Revolução de 32, e continua ativamente no resguardo das cousas paulistas que se prendam intimamente aos feitos sagrados daquela epopéia. Aqui estamos diante dos feitos mais eloqüentes de nossa guerra, aqui vemos o dinamismo do paulista na mágica improvisada do alcance técnico de nossa engenharia, no tocante ao prolongamento de uma guerra feita quase sem outra ajuda que o armamento da inteligência...” (in Revista Politécnica, 1935).

 

Esta compilação foi montada por Sérgio Righi, estudioso do Movimento Constitucionalista de 1932 e gestor do sítio www.ultimatrincheira.com.br 

 

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