A Escola Politécnica na Revolução de 1932

 

Parte II – A Fabricação dos Explosivos

 

“Quem diz guerra moderna diz uso intensivo de explosivos”, escreveu em 1932 a Revista Politécnica. Durante os meses do conflito, a Escola transformou-se em uma fábrica, resolvendo um dos maiores desafios que era a produção de explosivos em escala industrial.

 

Centenas de milhares de granadas foram fabricadas pela Escola. Pouco usadas nas linhas do inimigo, causavam “terror e pânico”.

 

Com cerca de trezentos voluntários, a Politécnica trabalhou em diversas seções: fabricação de detonadores, verificação de cascos e percussores, carga dos cascos, bocais para lançamento, encaixotamento e remessa. A fiscalização técnica cabia ao Laboratório de Ensaio de Materiais.

 

O manuseio do novo equipamento exigia o máximo de segurança. Apesar dos cuidados, morreram vítimas de explosão das granadas Douglas McLean, Joaquim Bohn e o estudante José Greff Borba. Os engenheiros Cyrillo Florence e Rômulo de Lemos Romano sofreram graves lesões devido ao uso de amonal, explosivo constituído por nitrato de amônio, trinitrotolueno, alumínio em pó e carvão. Romano faleceu em 1936. O engenheiro Adriano Marchini e o voluntário Mário Bertacchi foram feridos em explosões.

 

Na fabricação das granadas, como o trotil (trinitrotolueno ou TNT) fosse escasso, optou-se pelo amonal. “A fabricação deste alto explosivo, com conhecimento imperfeito de seu comportamento e dos acidentes que poderia provocar, é uma página das mais belas deste movimento, sublime de idealismo. Quantas vezes na fabricação, na trituração, na utilização do amonal, os químicos e os técnicos da Escola tiveram de resolver problemas que nunca imaginaram defrontar-se e, o que é mais, expor-se com pleno conhecimento do perigo e com fria coragem, no laboratório ou na fábrica, à iminência de uma explosão fatal”, conforme relato na Revista Politécnica.

 

No mesmo tempo que se tratava do explosivo imaginavam-se os meios eficientes de utilizá-lo contra o inimigo. No caso da granada de mão, a adotada foi a do tipo Mills, no que se refere ao casco e princípios gerais de funcionamento. O sistema de detonação foi criado na própria Escola, para aproveitar as espoletas de fogo central existentes em São Paulo.

 

A granada de mão, com alcance médio de 30 metros foi também adaptada ao fuzil, ganhando o alcance de 180 metros e tornando-se uma arma ofensiva. Para aprender o uso da nova arma, formou-se um corpo de granadeiros instrutores, em sua maioria alunos da Escola que iam ensinar no próprio campo de batalha.

 

Foi fabricada também munição para artilharia, tais como 4175 projéteis Krupp, de 75mm, de aço temperado e centenas de projetéis do tipo Scheneider e Krupp de 105mm de fonte acerada e de aço não temperado.

 

Texto extraído do livro Escola Politécnica – 100 anos – Editora Expressão e Cultura - 1993

 

(próxima publicação: Parte III – Os Morteiros)

 

Esta compilação foi montada por Sérgio Righi, estudioso do Movimento Constitucionalista de 1932 e gestor do sítio www.ultimatrincheira.com.br.

 

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