A Escola Politécnica na Revolução de 1932
Parte I – A Politécnica em armas
A Escola Politécnica teve
participação de destaque na Revolução de 1932, que opôs os fazendeiros paulistas
ao governo federal chefiado por Getúlio Vargas, levado ao poder com o golpe de
A Revista Politécnica na
época descrevia do seguinte modo os acontecimentos: “A
A Congregação da Politécnica solidarizou-se formalmente com o governo do Estado. A Escola e todos os seus laboratórios foram requisitados pelo governador Pedro de Toledo para constituírem o Serviço de Engenharia da Força Pública do Estado. O professor Mário Whately assumiu os serviços de engenharia da Politécnica como delegado do governo.
A campanha Pró-Constituinte teve participação ativa do Grêmio Politécnico, como descrito a seguir pela Revista Politécnica: “Com prazer consignamos ainda que os estudantes paulistas tem sido os leaders da campanha, fundando a Liga Paulista Pró-Constituinte que com poucos meses de vida, conta já em seu ativo com a responsabilidade das duas mais grandiosas reuniões cívicas realizadas no Brasil: os comícios de 25 de janeiro e 24 de fevereiro últimos. O Grêmio Politécnico tem apoiado com entusiasmo todos os movimentos que possam apressar a volta da Constituição. A história dirá que a mocidade acadêmica paulista contemporânea da Revolução de 1930 cumpriu o seu dever.”. A Politécnica havia sido um dos primeiros estabelecimentos de ensino no país a adotar a instrução militar a partir de 1916, apoiada pelo Grêmio.
O Instituto de Engenharia foi um dos principais redutos de oposição ao Governo Provisório de Getúlio Vargas, e um dos deflagradores da Revolução Constitucionalista, decidindo adotar medidas bélicas e táticas. O primeiro passo foi arregimentar voluntários: após 48 horas já havia uma lista de 739 engenheiros.
Além da participação política, a presença da Politécnica deu-se em vários setores de produção de armas e outros artefatos que serviam à guerra.
O serviço de cartografia da Escola executou plantas dos diferentes setores de luta, fazendo cópias, ampliações, corrigindo detalhes e modernizando antigas plantas.
Foram estudados e construídos
periscópios que permitiam ver o inimigo de dentro das trincheiras e corretores
de tiro para metralhadoras antiaéreas. Binóculos doados através de campanha
pública eram enviados à Escola, que os milimetrava e transformava em telêmetros
para artilharia. Foram também estudados e ensaiados materiais para chapas de
blindagem, capacetes, morteiros de trincheira. A arma mais usada nas
trincheiras foi o “sapinho”, um obuseiro com lançamentos de alcance de até
A Escola fabricou ainda luvas
especiais para facilitar ao soldado a mudança do cano da metralhadora, além de
caixas de acessórios e corretores de tiro para essa arma. Também foram
produzidos capacetes de aço, máscaras contra gás, carregadores de água com
capacidade de
Outros itens bélicos produzidos
na Escola foram um canhão lança-minas, que lançava minas de
Uma seção de minas e destruições
trabalhou no Vale do Paraíba e depois em Mogi-Mirim, Jaguari, Campinas, Franca
e Batatais. Os politécnicos fizeram ainda projetos e execução de trincheiras,
construção e reparação de estradas de rodagem e pontes, instalação de
telégrafos e telefone e abastecimento às tropas. A Politécnica fabricou também
um foguete luminoso que subia sem rastilho e estourava a
A Revolução de 1932 trouxe também novos desafios para a indústria paulista. O politécnico Roberto Simonsen assumiu a tarefa de adaptar as indústrias para a produção bélica. A produção paulista de cartuchos de fuzil chegou a 200 mil por dia, além de 8.000 granadas. A FIESP, que promoveu o esforço de guerra, criou uma milícia industrial para prevenir sabotagens nas fábricas, pois os industriais temiam ações do operariado, simpático ao populismo de Getúlio Vargas.
Entre as fábricas que transformaram suas instalações para o esforço da revolução estavam Pirelli, Rhodia, Nadir Figueiredo, Antártica Paulista e Matarazzo.
Texto extraído do livro Escola Politécnica – 100 anos – Editora
Expressão e Cultura - 1993
(próxima publicação: Parte II – A Fabricação de Explosivos)
Esta compilação foi montada por Sérgio Righi, estudioso do Movimento Constitucionalista de 1932 e gestor do sítio www.ultimatrincheira.com.br